Acordei um pouco cedo aquele dia, não tinha
nenhum objetivo antes da aula, foi mesmo por puro impulso. Meu celular tremeu
na colcha de cama e imaginei quem me chamaria uma hora dessas da manhã.
Peguei-o e olhei quem havia enviado a mensagem. Ally.
“Preciso falar com você, juro que é urgente, queria dizer
agora mas preciso ver sua reação. No ponto de ônibus no mesmo horário?”
“Te vejo lá” – respondi.
Ally
dominava a arte de me deixar curiosa, ela não podia simplesmente me dizer.
Cansei de implorar, nunca da certo.
Eu tinha acordado bem cedo e agora com certeza não conseguiria
dormir novamente sem passar do horário de aula, então me levantei e tratei de
me arrumar.
Vesti uma calça skinny
jeans e a blusa do uniforme que estava toda amarrotada. Fiz uma maquiagem
rápida e desci pra tomar café. Como era de costume, meu pai estava sentado na
bancada lendo o jornal enquanto esperava que minha mãe fizesse seus ovos com
bacon. Peguei a caixa de suco e coloquei num copo de vidro, bebi rápido e saí
sem nem me despedir dos meus pais. Andei até o ponto e Ally já me esperava lá.
-Bom dia piranha –ela disse quando me viu.
-Bom dia.
-Nossa que animação contagiante querida.
-Você não disse que tinha uma coisa pra me contar...
-Katy vir pra cá.
Eu fiquei olhando pra
Ally um tempo.
-É sério?
-Por que eu brincaria com uma coisa dessas? –ela sabia o
quanto sério era pra mim.
-Não acredito, ela vai vir pra esse fim de mundo – sorri.
-Sim vai.
-ALLY EU PRECISO IR PRA CASA – me levantei
-Mas hoje tem aula.
-Diz que eu to doente – corri até a esquina
-MAS VOCÊ JÁ É DOENTE
-VANTAGEM – ri e continuei correndo até em casa
Corri um pouco mas
nunca tive fôlego o suficiente pra correr mais então parei na metade do caminho e
agachei numa cerca viva pra respirar.
-Você ta bem moça? – um garoto parou na minha frente.
-To sim eu só... –levantei a cabeça e era um garoto da
minha faculdade, mas eu nunca tinha o visto. Ele era alto e segurava a mochila
preta num ombro só, o cabelo era loiro e sutilmente bagunçado. Olhos tão azuis
que parecia dar pra ver através deles. – parei aqui pra descansar.
-Vamos, me deixe te ajudar a levantar – ele estendeu a
mão.
-Ah não precisa – ri
-Eu insisto – ele curvou a cabeça.
-Se faz tanta questão – me apoiei na mão dele e me
levantei.
-Você é da xx nome faculdade xx (não pensei em um nome, fica por conta de vocês hi) ? É que seu uniforme...
-Sim, prazer, sou Annie. Você é...
-Nathan, pode me chamar de Nath – sorriu. E se eu achava
seus olhos claros precisava ver seus dentes, esse seria com certeza o sogro dos
sonhos da minha mãe.
-Prazer Nath. – ri.
-Então, Annie, você está indo pra aula? – disse como se
estivesse envergonhado.
-Não, é que. Eu estava... Hm.
-Matando aula? – riu – tudo bem eu não conto.
-Na verdade sim, estava voltando pra casa mas cansei de
correr e parei aqui pra respirar.
-Também não estou a fim de ir a aula hoje, que tal um café
Annie, eu pago.
-Não quero atrapalhar sua vida – ri
-Ah, que nada.
-Se insiste – tentei não rir de tão cavaleiro que ele era,
chegava a ser irritante.
Fomos até um café e
no caminho Nath me contou que fazia faculdade de química, que era quase a
minha, eu fazia química farmacêutica. Depois do café nós andamos um pouco e
quando eu ia pra casa á era quase na hora que estava chegando em casa
normalmente.
Cheguei em casa e
minha mãe estava vendo Modern Family.
-Annie Mary, seu tutor ligou e disse que não foi ao seminário
hoje – me apavorei. – Pode me dizer onde estava?
-Eu perdi o ônibus – mentira
-E onde estava esse tempo todo?
-Já que tinha perdido o ônibus eu e Ally fomos tomar café.
-mentira
-E Ally perdeu o ônibus também?
-Eu passei na casa dela, ela se atrasou e nós perdemos o ônibus.
–mentira de novo
-Vou acreditar dessa vez.
-Como quiser, eu falei a verdade.
Fui pro meu quarto
e me lembrei. Katy. Droga, provavelmente depois dessa os ingressos até
esgotaram, merda, aquele garoto lindo me destraiu. Abri o site oficial e a
venda tinha começado há uma hora, e sim, já tinham esgotado.
Deitei na cama
derrotada e exausta, assim que fechei os olhos apaguei completamente.
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